Monday, October 30, 2006

eu espero o que eu não sei

não lembro se eu tive catapora - minha virilha coça, as pernas e os braços também
não consigo perguntar essas coisas pra minha mãe - ela não lembraria, flores vermelhas pra não cicatrizar
eu não lembro se tive catapora, a filha da minha colega tem
eu não terei filhos porque eles doem demais em todo o mundo.
pensei em ir no show da patty smith. ela foi uma grandona do rock. não vai tocar aqui nunca mais. acho que ela foi legal naquela época, mas eu só conheço umas duas musicas;
tenho que trabalhar no outro dia bem cedo
e disso eu sei bem demais.

não lembro se eu tive catapora, pode ser que seja a hora
vem vem
deixar mais marcas
mas a essa altura da vida, o que nos livra as caras?
lavo tuas roupas brancas junto com o pano de prato.
seco minha louça maluca no teu suor.

Friday, October 27, 2006

ten days under the water

tem um homem que mostra o peito queimado no poste da avenida;
eu como menos mas não perco peso.
repito os assuntos mas eles se reapreeendem. se a paisagem parece a mesma, teus olhos pararam de procurar;
eu queria saber se todas as meninas tem cheiro que não passa
meus pé doem da sandália, mas eu insisto pra ser alta e brincar de grande.
suo cor de rosa. a camiseta que não é minha escorre barata, que nem putinha usada demais aos 14 ainda tentado sobreviver aos 18.
putinha lavada com cloro pra não gastar as mãos.
minhas costas tomam dois vultos por asa. mas um é cego, o outro perneta.
eu espero que o cego quebre a perna
que o perneta fure os olhos
e eles finalmente possam se entender,
e eu voar,
ainda que de saltinho no abismo
e ainda que de muleta no escuro
tem um homem que mostra o peito queimado no poste da avenida.
eu dou R$ 20,00. preço de um show mediano.

Tuesday, October 17, 2006

raio ultravioleta potencializador super pawa lindo me atravessa

querido raio que tudo faz
com um milhão de força de frente pra trás
eu desejo com todas as células do meu coração
q toooooodas as pessoas do mundo e do super mundo e do inframundo e dos meio mundos
gostem de ver nuvens
lembrem que são serpentes
aprendam a ser árvores
dominem ser universos de estrelas
e possam
todos
pelo menos uma vez na vida
ser só um rio.
sem nada por cima.

o cepo nas mãos da semana - mim e a cidade

as torres dos meus ossos são todas infiltradas das dores dos outros.
gotejam as dores dos outros
inventam
fantasmas dos outros como um rio enterrado na minha coluna
vertical.
as vezes eu não durmo muito e acordo bem mesmo assim.
as vezes eu acordo com muita dor, e visto cores mesmo assim.
as vezes as minhas cores não combinam e vc me acha bonita.
as vezes eu não vivo muito bem mas sou feliz contigo mesmo assim.
as torres dos meus ossos não contém inimigos subjugados que possam nos bombar.
mas, fistulas.
MASSSSSS, tachinhas imaginárias.
MMAAAASSSSSSS, as roldanas de cálcio as vezes emperram.
isso não é envelhecer, isso é defeito de fabricação.
nessa cidade, uma boca dágua grita embaixo do palco.
enquanto lhe calam, ela fede.
como todo o resto e até a minha propria obviedade, isso tudo pode parecer mais uma charada, mas é real.
enquanto lhe calam, eu por ela sangro na estrutura debaixo da cobertura de carne.
e fodo, pra aguentar feliz.

Tuesday, October 10, 2006

terça-feira, o que há de dizer?

as vezes não tem nada pra cantar, mas é preciso não perder a melodia. as vezes eu tenho que seguir a luz estridente de não dizer nada.
dentro de mim tem um açougue.
dentro de ti também.
vc faz presuntos, as vezes eu faço patê, a melhor forma de aproveitar os restos do que há de perdível
e passar na superfície
com rímel ou carvão. e prestar-se ao desfrute.
as vezes não tem nada de bom na mochila, a minha saia nem é a mais linda, eu nunca saberei tocar um instrumento
eu odeio caetano veloso, menos embaixo de um caminhão.
hoje eu acordei sabe como? sóindo. nem sempre eu preciso de dois erres aí no meio pra estar feliz.
eu tenho uma parede cinza onde penduro amarelo
em si.

Sunday, October 08, 2006

domingo, amanhecendo com colicas

é como se um barbante afiado, andasse solto e no vento por dentro
cortando, e raspando, e dividindo e puxando e sugando e soltando e para o alto e no penhasco
o sol vai saindo enquanto parece que vc nuncamais caminhará de novo.
as entranhas demonstram revolta por existir esse tipo de dor.

mas, como todas as dores ancestrais,
voce pode mergulhar fundo porque tem certeza de que se suportará;
e qdo tudo acabar, será o suficiente pra se ter um bom dia, apesar de tooodo o resto.

Saturday, October 07, 2006

eu gosto de ler no sabado os secredos de domingo.
as vezes sou eu que causo a dor, mas não sou eu cantando no fundo da chuva.
descontado o talento nato e o good looking,
eu sou só um bob dylan tímido e ansioso,
obviamente com baixa estima, mas acreditar nisso talvez me faça prepotente.
onde eu estou? vem daí.
de nunca sabermos se pensamos muito pouco ou demais sobre nós mesmos.
é terrível sentir saudade do que ja deveria ter passado,
é como acordar tarde demais na única manhã livre,
ou ficar cansado demais para esperar pelos fogos.
eu sou uma estação perene e atrasada.

Thursday, October 05, 2006

tomando banho e pensando em literatura no brasil

eu hãnn, tava pensando.
quantas livrarias tem em favela?
e se eles,
e se também o meu público alvo,
se sentirem como eu
intimidados demais das livrarias do shopping?
eu hãnn, tava pensando.
parece que não tem muitas livrarias nos lugares mais pobres.
mas tem boteco e faustão em todo o lugar.
como a maioria dos brasileiros pode ter opção de entretenimento?

Wednesday, October 04, 2006

Um programa sobre o novo nascimento

Ela não aprende direito
Vai ter o bebe em casa
Está desempregada;
O que ela sabe bem é que não consegue aprender direito
Outras pessoas lêem seus contratos
Está sozinha agora, mas qdo era pequena não, mas, ou porque, a vó era esquizofrênica.
Ela tem um sorriso bonito, vai ter o bebe em casa,
A parteira será a melhor amiga que está numa cadeira de rodas
Ela está com a perna quebrada,
E só quer que esse bebe não seja bobo.

Sunday, October 01, 2006

um amendobobo sem elefante engraçado

de repente, agora eu preciso de um alimento que venha com brinquedo.
ou que me tirem o brinquedo e eu preste mais atenção com o que coloco pra dentro.
gosto de desenhos animados pq sou velha.
e amaldiçoarei a todos que não me permitirem ser velha
a se autoridicularizarem fingindo que são adultos fingindo que são adolescentes fingindo que são mais velhos brincando de ser crianças tentando ser....
a noite passada eu sonhei com animais estranhos
alguns inchavam, alguns se vestiam com os outros, alguns eram como uma grande salsicha assassina na piscina
sonhei também com uma viagem de avião muito mal sucedida. as passagens eram baratas, o avião era circular e estav cheio
e eu estava pelada.
ninguém me dá lugar quando eu estou pelada.